Faz de conta













" Em muitos trechos do caminho, ás vezes bem longos, carregamos muito peso na alma sem também notar.
A gente se acostuma muito fácil ás circunstâncias difíceis que ás vezes podem ser mudadas.
A gente se adapta demais ao que faz nossos olhos brilharem menos.
A gente camufla a exaustão.
A gente inventa inúmeras maneiras para revestir o coração com isolamento acústico para evitar ouvi-lo.
A gente faz de conta que a vida é assim mesmo e ponto.
A gente arrasta bolas de ferro e faz de conta que carrega pétalas só pra não precisar fazer contato com as nossas insatisfações e agir para transformá-las.
A gente carrega tanto peso, no sentimento, um bocado de vezes, porque resiste á mudança.
Até o dia em que a alma, cansada de não ser olhada, encontra o seu jeito de ser vista e de dizer quem é que manda..."

Ana Jàcomo












Há algo em mim














" Há algo em mim que não desaprende esse caminho...Que segue, quando, aparentemente, eu paro. Que continua a luzir, mesmo quando eu tropeço nas minhas sombras. Há algo em mim que me salva de mim.Que me leva pela mão para brincar. Para conhecer o que continua vivo e belo além de toda e qualquer gaiola...Além dos meus tempos de muda. Algo que me mostra uma paz intensa e verdadeira...Que não me deixa esquecer que continuo a ter asas, mesmo quando eu não voo..."

Ana Jácomo



Meu tom







Os dias me embrulham em sua correria, não me debato mais, aprendi a sentir minha paz. To escrevendo samba, ouvindo Chico, embalada por Vinicius...Conversando com as letras de Tom, descobri o tom que me toca. A vida lá fora segue frenética. Mas aqui dentro " estou " mais bossa nova que carnaval...

Renata Fagundes


Abrir o coração












" Acredito que a natureza humana é essencialmente amorosa e que quando não demonstramos isso é porque há nuvens muito espessas escondendo o nosso sol...Nuvens de medo, dor, raiva, confusão. Mas o sol está lá, preservado, o  tempo todo . Em algumas pessoas mais do que em outras, parece que as nuvens demoram muito tempo a se dissipar, é verdade.Às vezes, podem até não dissipar durante a vida inteira, é verdade também. Mas, à medida em que começamos a abrir o nosso coração é inevitável não sentir que ser amáveis e cuidadosos uns com os outros não é um favor, uma concessão. Inevitável não sentir que o gostinho bom de dar amor é tão saboroso quanto o de recebê-lo..."


Ana Jácomo





Lembrar com amor


















" Lembrar com amor é oferecer, no coração, um sorriso que se expande. É um jeito instantâneo e poderoso de prece. É um modo de abraço, não importa o aparente tamanho da distância, nem as enganosas cercas do tempo. Lembrar com amor é levar a vida, no exato instante da lembrança, ao lugar onde a outra vida está e plantar uma nova muda de ternura por lá..."

Ana Jácomo






Coisa pequena


" Todo mundo sente medo, sente dor, tenta consertar oque não tem conserto, carregamos marcas que não se apagam, ausências que fazem doer o peito.
Mas ainda assim é possível ouvir estrelas.
Deixar que nossa luz nos oriente.
Ainda podemos rir como se a alegria fosse nosso melhor adereço.
Acredito que pés descalços é o luxo da alma.
Que estar perto é menos físico que a gente pensa.
Que olhos falam, palavras estragam e silêncio grita.
Que a gente quer amar pra sempre, abrir o peito, recitar poema, sem se preocupar com o que os outros pensem....Sei que o que mais vale a pena é chamado de coisa pequena, que vira importante quando a gente deixa de achar que é grande..."

Renata Fagundes




Gentileza













"... Gentileza é normalmente vista como um toque suave, um olhar que acalma, palavras de conforto...
Mas na verdade gentileza é a manifestação da nossa força interior com base no entendimento dos sentimentos dos outros...
Ela não perturba, não empurra, não impõe: simplesmente oferece ajuda...
Gentileza é como o espírito de uma criança, cujo otimismo espontâneo mantém as pessoas leves e felizes..."

Brahma Kumaris





Mestre inesquecível













" Aprendi com o Mestre dos Mestres que a arte de pensar é o tesouro dos sábios. Aprendi um pouco mais a pensar antes de reagir, a expor- e não impor- minhas idéias e a entender que cada pessoa é um ser único no palco da existência...

 Aprendi com o Mestre da Sensibilidade a navegar nas águas da emoção, a não ter medo da dor, a procurar um profundo significado para a vida e a perceber que nas coisas mais simples e anônimas se escondem os segredos da felicidade...

Aprendi com o Mestre da Vida que viver é uma experiência única, belíssima, mas brevíssima. E, por saber que a vida passa tão rápido, sinto necessidade de compreender minhas limitações e aproveitar cada lágrima, sorriso, sucesso e fracasso com uma oportunidade preciosa de crescer...

Aprendi com o Mestre do Amor que a vida sem amor é um livro sem letras, uma primavera sem flores, uma pintura sem cores.Aprendi que o amor acalma a emoção, tranquiliza o pensamento, incendeia a motivação, rompe obstáculos intransponíveis e faz da vida uma agradável aventura, sem tédio, angústia ou solidão.Por tudo isso Jesus Cristo se tornou, para mim, um Mestre Inesquecível ..."

Augusto Cury






Como o canto dos pássaros











Há pessoas que são ternas como o canto dos pássaros. Elas conseguem acordar nossos melhores sentimentos e nos ensinar que somos livres para ser o que somos...Outras são como as abelhas: só fazem o doce da vida na própria colmeia ; se saem dela, picam com seu ferrão, provocando terriveis dores. Há, ainda as que são como escorpiões. A proximidade humana exarceba sua natureza nociva, e o veneno que escondem escorre nos traiçoeiros botes; vivem do poder danoso dos seus tentáculos, mas, sem eles, são apenas uma inútil carcaça. Salvo os casos patológicos, todos podemos escolher o bicho que nos é conveniente ser. Não esqueçamos, porém, que bichos não têm alma; nós temos...

Aila Sampaio




Motorista dos sonhos













A gente perde tempo respeitando as placas de sinalização da vida...pense, pare, reavalie, suga...Meu coração não tirou carta de motorista. Não entende de freios, pisa leve na terra. Segue cantarolando pelo caminho, pega atalho, planta flores, corre de medo, fala sozinho, chora, descobre paisagens surpreendentes, aprende com pessoas simples, inventa receita de bolo com cobertura de sorrisos...Deixou de se desesperar por pequenas batidas, poucas avarias...Sabe onde fica a estrada dos sonhos e quando se perde, se encontra, porque o caminho é físico, mas a direção é coisa divina...

Renata Fagundes











Renata Fagundes

Felicidade se esconde nas coisas simples...


















Leve seus filhos a  encontrar os grandes motivos para serem felizes nas pequenas coisas.
Uma pessoa emocionalmente superficial precisa de grandes eventos para ter prazer, uma pessoa profunda encontra prazer nas coisas ocultas, nos fenômenos aparentemente imperceptíveis: no movimento das nuvens, no bailar das borboletas, no abraço de um amigo, no beijo de quem ama, num olhar de cumplicidade, no sorriso solidário de um desconhecido.
Felicidade não é obra do acaso, felicidade é um treinamento.
Treine as crianças para serem excelentes obsevadoras. Saia pelos campos ou pelos jardins, faça-as acompanhar o desabrochar de uma flor e descubra juntamente com elas o belo invisivel. Sinta com seus olhos as coisas lindas que estão ao seu redor.
Leve os jovens a enxergar os singelos momentos, a força que surge nas perdas, a segurança que brota no caos, a grandeza que emana dos pequenos gestos.
As montanhas são formadas por ocultos grãos de areia. As crianças serão felizes se aprenderem a contemplar o belo nos momentos de glória e de fracassos, nas flores das primaveras e nas folhas secas do inverno.
Eis o grande desafio da educação da emoção !
Para muitos. a felicidade é loucura dos psicólogos, delirio dos filósofos, alucinação dos poetas...Eles não entenderam que o segredo da felicidade se esconde nas coisas simples e anônimas, tão distantes e tão próximas deles.

Augusto Cury






Alegre-se













" Às vezes não possuímos grandes bens materiais, mas somos miseráveis, pois nos especializamos em reclamar e valorizar o que nos falta e não nos alegrar pelo que temos e somos...A sensibilidade depende de nossa visão e postura de vida..."

Augusto Cury

Pessoas















Eu admiro pessoas que...
Acordam de manhã com alegria no coração...
Tem a coragem de levantar depois das quedas...
não precisam de elogios nem de aplausos...sabem falar por favor e pedir desculpas...não se envergonham de dizer Eu Te Amo...
Eu admiro as pessoas que...têm coragem de persistir mesmo depois de receber um não...são sensíveis e se emocionam com a dor do próximo...sabem que um abraço vale mais do que mil  conselhos...sabem sorrir para as crianças...
Eu admiro você que...tem a humildade para estudar e aprender...procura as respostas mesmo quando elas estão escondidas...sempre quer fazer o melhor...não desiste de lutar, apesar dos desafios...reconhece que não sabe tudo.
Eu admiro sua busca por fazer o que a sua alma pede.
Eu admiro você que, com humildade e dedicação, faz a vida acontecer...

Desconheço o autor







Armadilhas

Vamos combinar que muitas vezes não há mistério algum, vilão algum, nenhuma influência sobrenatural, questão de sorte. A gente sabe que se tocar naquele fio desencapado é choque garantido, como da última vez, mas a gente toca. A gente sabe que certos adubos são infalíveis para fazer a nossa dor crescer, mas a gente aduba. A gente sabe os tons emocionais que desarmonizam a pintura da tela de cada dia, mas a gente escolhe exatamente esses para pintar, mesmo dispondo de outros tantos na nossa caixa de lápis de cor. A gente sabe a medida do tempero e a desmedida, como sabe o sabor resultante de cada uma. Por histórico, a gente sabe a resposta muito antes de refazer a pergunta, mas a gente refaz.
Vamos combinar que muitas vezes não há nada de tão imprevisível, de tão inimaginável, muito menos entrelinhas, muito menos mau-olhado. A gente sabe, por memória das andanças, para onde a estrada de certos gestos nos leva, mas a gente segue. A gente sabe no que dá mexer em casa de marimbondo, mas a gente mexe. A gente sabe que não vai receber o que espera, mas a gente oferta sempre pela penúltima vez. A gente sabe que algumas praias são traiçoeiras, que não sabemos sequer nadar direito, que o afogamento é a coisa mais provável de todas, mas a gente mergulha. A gente sabe que a realidade, por mais dura que seja, precisa ser encarada com os olhos mais abertos do mundo, mas a gente inventa todo jeito que pode para desviar o olhar.
Vamos combinar que muitas vezes não há segredo algum, inimigo algum, interrogação alguma, nenhuma entidade obsessora além da nossa autosabotagem. A gente sabe que esticar a corda costuma encolher o coração, mas a gente estica. A gente sabe que nos trechos de inverno é necessário se agasalhar, mas a gente se expõe à friagem. A gente sabe que não pode mudar ninguém, que só podemos promover mudanças na nossa própria vida, mas a gente age como se esquecesse completamente dessa percepção tão sincera. A gente lembra os lugares de dor mais aguda onde já esteve e como foi difícil sair deles, mas, diante de circunstâncias de cheiro familiar, a gente teima em não aceitar o óbvio, em não se render ao fluxo, em não respeitar o próprio cansaço.
Eu pensava em todas essas armadilhas enquanto caminhava na Lagoa, um dia de céu de cara amarrada, um tiquinho de sol muito lá longe, tudo bem parecido comigo naquela manhã. Eu me perguntei por que quando mais precisamos de nós mesmos, geralmente mais nos faltamos. Que estranha escolha é essa que faz a gente alimentar os abismos quando mais precisa valorizar as próprias asas. Como conseguimos gostar tanto dos outros e tão pouco de nós. Eu me perguntei quando, depois de tanto tempo na escola, eu realmente conseguirei aprender, na prática, que o amor começa em casa. Por que, tantas vezes, quando estou mais perto de mim, mais eu me afasto. Eu me perguntei se viver precisa, de fato, ser tão trabalhoso assim ou se é a gente que complica, e muito. Como conseguimos ser tão vulneráveis, ao mesmo tempo que tão fortes. Somos humanos, é claro, mas ser humano é ser divino também.
Eu não tenho muitas respostas e as que tenho são impermanentes, como os invernos, os dias de céu de cara amarrada, os lugares de dor, os abismos todos, o bom uso das asas, os fios desencapados, as medidas e as desmedidas. Tudo passa, o que queremos e o que não queremos que passe, a tristeza e o alívio coabitam no espaço desta certeza. Eu não tenho muitas respostas. O que eu tenho é fé. A lembrança de que as perguntas mudam. Um modo de acreditar que os tiquinhos de sol possam sorrir o suficiente para desarmar a sisudez nublada de alguns céus. E uma vontade bonita, toda minha, de crescer.

Ana Jácomo

Quem é você ?

Todo aquele que perde a humildade na briga por reconhecimento se torna mais um na multidão, sem nome sem rosto. A arrogância é ferrugem que corroe a alma e descolore o coração...

Renata Fagundes


Guerra de paz

Guarde suas armas. Não tenho vocação pra capturar tiros de insegurança e lágrimas de insatisfação. Aprendi a violar as leis do peito com palavras. Carrego todas as certezas no bolso. Faço tiroteio com verbos, atiro forte na solidão. Planejo assaltos. Roubo corações. E raramente me arrependo. Sou refém de mim. 
Não aprendi a rastejar diante de qualquer ilusão. Minha guerra é doce. Meu exército é de açúcar. Sou sequestradora de doçuras. Lanço mísseis revestidos de risos. Nenhuma dor me prende. A cumplicidade com o acaso me liberta. Meus passos embora firmes tem o peso do algodão, meus olhos são informantes do amor. 
Esses mesmos olhos refletidos no espelho não me reconhecem. Perderam a arrogância dos que sabem tudo. No rosto - marcas de suavidade, tranquilidade de quem sabe o que é e se aceita. Perdi a guerra para discussões desnecessárias - aprendi a cantar. 
O tempo me ensinou que ele pode ser amigo, pode ser lento e me encontrar a sua espera, com pés descalços e flor no cabelo. 
 Renata Fagundes e Ju Fuzetto




Calmaria

Eu não quero nada extravagante, nada extraordinário, nada que me tire o fôlego. Quero a calmaria depois da tempestade, quero coisas duradouras. Quero a tranqüilidade de um amor sereno. Não quero mais fogos de artifício, não quero nada que se apague nessa efemeridade das coisas. Quero tudo na paz, quero tudo no seu devido lugar. Não quero que transborde nem que falte, só quero a medida certa, tudo no limite. Porque depois de um certo tempo a gente vê que tudo que falta o fôlego no fim traz excesso de lágrima e eu me prefiro desmanchando em sorrisos.
Trago no bolso sonhos possíveis. Descartei o peso da expectativa. Me sinto mais leve, sorrindo por tudo, chorando por nada. Talvez esteja letra de Renato Russo "acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto" e se pra alguns "o que é demais nunca é o bastante", descobri meu muito ao alcance dos olhos.
Não tenho roupa adequada para aparições em grande estilo. Minha alma mau vestida aprendeu a achar graça na simplicidade. Eu quero por do sol acompanhada, bagunça de amigos de madrugada, quero foto despenteada, quero andar com calma. Correria pra que? A estrada sempre vai estar ali me esperando. Você pode até me chamar de limitada, mas a paz que habita em mim, não escuta suas palavras.

 Renata Fagundes e  Simone Oliveira

Não sei ser...

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A gente se auto define todo o tempo, eu poderia ser assim ou assado. Fazer melhor, querer mais, superação, aceleração, multidão, decisão e os dias se vão. As pessoas não param para olhar, para ouvir, para refletir, não prestam atenção no outro é tudo a tempo e a hora. Sentenciado de qualquer maneira. Pessoas são etiquetadas e colocadas em prateleiras em ordem alfabética pra facilitar o serviço. Muitos dizem - eu já nasci pronto. Eu não. Vivo nascendo todos os dias. Meus passos tem ritmo de bossa nova e ainda sou poesia.
 
Renata Fagundes

Mágoas...



"...Mágoas são decepções inacabadas, são intermináveis, destroem o corpo fisico, maltratam a alma, perturbam a mente, separam as pessoas, quebram vinculos de amor e respeito, afetam as energias, enfim seja um ser evoluído, perdoe, solicite perdão, agradeça a vida e não exija dos outros aquilo que não podem dar, pois cada um está em degrau diferente, cada um recebe conforme o merecimento, então limpe suas mágoas de coração, alivie sua mente das sombras e viva em paz e em conformidade com a Luz Infinita e Suprema da Criação..."

Miriam Zelikowski

A dor de cada hora


" Outro dia me pus a pensar que sou semelhante ás mulheres da literatura de Erico Veríssimo. Aquelas que enquanto os homens se ocupavam da guerra, elas se ocupavam de tempo e do vento. Eu não tenho muitas definições a meu respeito; apenas respeito a dor de cada hora, a esperança de cada momento. E, se isso me define, então sou a dor que sabe esperar..."

Pe.Fábio de Melo - In Mulheres de aço e de flores

Uma pipa no céu...



A vida exige leveza, assim como a viagem. A estrada fica mais bonita quando podemos olhá-la sem o peso de malas nas mãos.
Seguir leve é desafio. Há paradas que nos motivam compras, suplementos que julgamos precisar num tempo que ainda não nos pertence, e que nem sabemos se o teremos.
Temos a pretensão de preparar o futuro. Eu tenho. Talvez você tenha também. É bom que a gente se ocupe de coisas futuras, mas tenho receio que a ocupação seja demasiada. Temo que na honesta tentativa de me projetar, eu me esqueça de ficar no hoje da vida.
Os pesos nascem desta articulação. Coisas do passado, do presente e do futuro. Tudo num tempo só.
Há uma cena que me ensina sobre tudo isso. Vejo o menino e sua pipa que não sobe ao céu. Eu o observo de longe. Ele faz de tudo. Mexe na estrutura, diminui o tamanho da rabiola, e nada. O pequeno recorte de papel colorido, preso na estrutura de alguns feixes de bambú retorcidos se recusa a conhecer as alturas.
O menino se empenha. Sabe muito bem que uma pipa só tem sentido se for feita para voar. Ele acredita no que ouviu. Alguém o ensinou o que é uma pipa, e para que serve. Ele acredita no que viu. Alguém já empinou uma pipa ao seu lado. O que ele agora precisa é repetir o gesto. Ele tenta, mas a pipa está momentaneamente impossibilitada de cumprir a função que possui.
Sem desistir do projeto, o menino continua o seu empenho. Busca soluções. Olha para os amigos que estão ao lado e pede ajuda. Aos poucos eles se juntam e realizam gestos de intervenção...
Por fim, ele tenta mais uma vez. O milagre acontece. Obedecendo ao destino dos ventos, a pipa vai se desprendendo das mãos do menino. A linha que até então estava solta vai se esticando. O que antes estava preso ao chão, aos poucos, bem aos poucos, vai ganhando a imensidão do céu.
O rosto do menino se desprende no mesmo momento em que a pipa inicia a sua subida. O sorriso nasceu, floresceu leve, sem querer futuro, sem querer passado. Sorriso de querer só o presente. As linhas nas mãos. A pipa no céu...

Pe. Fábio de Melo


Amor

" Pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para afrente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando..."

Carlos Drumond de Andrade

Leveza


" Decidi que o amanhã sou eu quem faço...Não me despedaço, nem viro farelo não.
Porque se sobrou espaço no coração é pra amar melhor, decidir com sabedoria daqui pra frente quem é que vai entrar e quem tem que sair. E das levezas, meu amor, eu quero todas...Cansei de gente pesada que traz chumbo pra vida da gente..."

Cris carvalho

Acredito

















Eu plantei um pé de amor, pra colher sorrisos. De nada adiantou. O vento, de tempo em tempo, desfacelou as flores, os frutos e os galhos. Só que tem uma coisa: O meu amor continua de pé, com uma bandeira hasteada no meio. É proibido não ter esperanças porque é Junho e o tempo pode tudo praquele que crê.

E eu creio em dias azuis, cheios de paz dentro. Com crianças correndo no parque, casais de mãos dadas à luz do sol, de uma manhã clarinha. Acredito na força dos sentimentos bons, na energia positiva e na colheita dos sonhos, que chega sempre nas mãos de quem semeia o bem, de quem espalha pólem de luz e alegrias miúdas.
Acredito que a bondade tem voz e acredito, também, num HOJE maior que o ontem e que o amanhã. Acredito na beleza e força de um sorriso, no encanto e energia das palavras. Acredito num Deus que tudo vê e que tudo ampara, da maneira correta e no tempo exato.
Acredito na bondade sem disfarce, nos rostos sem máscaras e doses de paciência que removem montanhas, no carinho e na amizade. Creio na palavra que cura, nas canções que embalam sonhos, nos risos gratuitos, na bússula do lado esquerdo que sempre indica o caminho.
Eu nasci pra acreditar. E esperança, minha gente, é o que anda comigo.

Cris carvalho

Reinvente-se ! Estreie um novo " você "

Depois de passar por fases difíceis, como o fim de um longo relacionamento ou alguma perda significativa, seja de emprego, financeira, de saúde ou material, é comum a gente sentir vontade de recomeçar, em todos os sentidos. E que bom que seja assim! Vida nova é a ordem interna!
O fato é que toda dor e todo sofrimento tendem a render lições impagáveis e um crescimento que nos torna mais experientes, mais preparados para errar menos e ser bem mais feliz! Essa é a ideia de se reinventar. Ou seja, lançar mão de tudo o que foi aprendido nos últimos tempos, de todo o desejo de fazer melhor e, enfim, programar uma reestreia de si mesmo digna de plumas, paetês e fogos de artifícios!
Afinal, você certamente deseja nada menos que uma ocasião semelhante a uma grande festa -particular ou entre amigos e pessoas queridas- para inaugurar uma nova e fantástica fase de sua vida! Mas lembre-se que este recomeço não pode acontecer da noite para o dia ou com apenas desejos jogados ao vento. Precisa ser planejado, sintonizado com a sua essência, com quem você realmente é.
Sim, porque outro importante ganho depois dos "perrengues" da vida é uma maior consciência de quem somos, de nossos valores e de onde queremos chegar. Sobretudo, uma maior noção do quanto merecemos. E quando isso acontece, é hora também de descobrir o quanto temos feito por merecer. Porque não basta acreditar que você merece! É preciso fazer por onde!
Portanto, comece colocando no papel, escrevendo suas metas. Divida em colunas por áreas: pessoal, profissional, financeira, saúde, família, amigos, amores, entre outros. Depois, detalhe o que quer alcançar. Lugares que quer conhecer, valores que quer economizar, cursos que deseja fazer. E coloque datas! Isso é fundamental! Data para começar e, se possível, data para acabar.
Comprometa-se com sua história, seu sucesso e sua realização. Comprometa-se com esse período inédito e extremamente positivo. Foque as possibilidades, as portas e janelas e todas as alternativas. Esqueça um pouco os medos paralisantes, os obstáculos inventados, as dificuldades que tanto têm servido, até hoje, para te manter no cômodo lugar de vítima das circunstâncias.
Perdoe alguma ofensa. Resgate uma amizade perdida. Recomece um esporte. Aprenda a fazer uma receita deliciosa. Mude de caminho. Observe mais as flores. Respire. Medite. Escute. Sorria. Permita-se. Viver é realmente uma aventura imperdível e impagável. Não desperdice sua chance. Faça acontecer! Faça valer a pena!
Olhe adiante, confie na abundância do Universo, acredite que existe um lugar reservado exclusivamente para você. E se jogue! Mergulhe de cabeça em busca do que já é seu e você nunca tinha se dado conta.
E, assim, como se cada decisão acendesse luzes dentro de você, como se cada passo iluminasse seus cantinhos mais sagrados e secretos, como se a cada escolha você adentrasse num templo, até então ignorado, continue seguindo seu coração, ouvindo a sábia voz de sua alma, e apostando na integridade de que é feito o amor. Por que o que vier, a partir de então, será belo!

Rosana Braga

Vontade bonita

De coração pra coração

Oque separa corações não é a distancia, é a indiferença.
Há pessoas juntas separadas por milhares de quilômetros e outras separadas vivendo lado-a-lado.
Muitas vezes nos importamos com o que acontece no mundo, nos sensibilizamos e pensamos até em fazer alguma coisa, mas nos esquecemos do que se passa ao nosso lado, na nossa casa, na nossa família e mesmo na vizinhança.
As pessoas se habituam tanta àquelas que convivem com elas que elas passam a não notá-las mais, a não dar mais importância.
Mas, se quisermos transformar o mundo, comecemos por transformar a nós mesmos.Se quisermos entrar em combates para melhorar algo para o futuro, que esse combate comece dentro da nossa própria casa.Precisamos olhar os que estão ao nosso lado sempre com olhos novos.
Comunicar mais, destruir mais barreiras e construir mais pontes...precisamos nos dar de coração a coração.
A melhor maneira de acabar com a indiferença de uma pessoa em relação a nós é amá-la...O amor transforma tudo.
Não permita que pessoas ao seu lado morram de solidão ! Não permita que elas sintam-se melhor fora de casa que dentro bela ! Dê atenção, dê do seu próprio tempo ! Comunique-se ! Assista menos televisão e converse mais...Riam juntos.
Há quanto tempo você não diz para a pessoa que vive ao seu lado que gosta dela ? A gente não recupera tempo perdido. Mas podemos decidir não perder mais ...Vamos amar os corações que nos cercam e tentar alcançar novamente aqueles que se distanciaram...
Há sempre tempo para se amar.
E se não houvesse, o próprio amor seria capaz de inventar...

( Letícia Thompson ).




Celebração


Meus dias têm sido de celebração: celebro a ação de me pôr em movimento ao encontro daquilo que almejo, celebro a ação de resolver minhas questões internas que me afastam de quem me incomoda, mas que ainda me importa. Celebro a ação de me causar bem-estar estando com as pessoas que me amam e em lugares que amo. Celebro a ação de ser grata por ter todas as minhas faculdades perfeitas e um bocado de loucura para ousar nas mudanças que preciso e crescer por dentro. Celebro a ação de não competir com ninguém, pois tenho tudo o que preciso e saber que o que tenho foi conquistado por mim. Celebro, diariamente, a ação de ter criatividade_ de criar atividades que me tirem da estagnação espiritual, emocional, pessoal. Celebro a ação de renovar meus valores para que eles sejam justos. Celebro a ação de não ocupar meu coração com desesperança e preconceitos ou coisas que aprisionem minha alma na limitAÇÃO. Celebro a ação de me importar primeiro com as pessoas, depois com as coisas. Celebro a ação de ser profunda nos meus devaneios, celebro a ação de ser superficial em alguns desejos e poder me permitir ou rir deles. Celebro a ação de mudar de ideia, de certeza, de narrativa, de estado de espírito, de aparência, de preferências, de vida!
CelebrAÇÃO não é lamentAÇÃO, por isso, celebro!

Marla de Queiroz



Sem planos

Há um tempo que é de fazer planos, há um tempo que é de não planejar nada e receber o novo, há um tempo de espera, quando qualquer movimento pode atrapalhar o que está encaminhado, há um tempo de ação... e assim vai.... e a chave é a gente estar aberta para perceber o ciclo em andamento e para fluir em sintonia com esse ciclo.

Sei que, às vezes, não é tão fácil soltar nossos planos e desejos porque acreditamos que temos que controlar as coisas para que elas dêem certo... e nem sempre confiamos que as coisas possam dar até mais certo sem o nosso controle...

Confiar que existem outros planos melhores que os nossos pode aliviar tanto nossa mente e nos dar uma sensação tão boa de leveza para o presente, que vale a pena tentar... se esse for o seu momento também, relaxe e deixe que o Grande Mistério manifeste os planos que tem para você... Confie que nesses planos, muito além de tudo que você conhece, pode estar incluído um novo e maravilhoso caminho...
Rubia A. Dantas

Exercitando o sim

"Sim à vida...
Diga sim à vida; abandone todos os não possíveis. Mesmo se você precisar dizer não e for difícil evitá-lo, diga-o, mas não se deleite em dizê-lo. E, se for possível, diga-o também na forma de sim. Não perca nenhuma oportunidade de dizer sim à vida.

Quando você disser sim, diga-o com grande celebração e alegria. Nutra-o, não diga relutantemente. Diga-o amorosamente, com entusiasmo, com gosto, coloque-se totalmente nele. Quando você disser sim, torne-se o sim!

Você ficará surpreso ao saber que 99, entre cem nãos, podem ser muito facilmente abandonados. Nós os dizemos apenas como parte de nosso ego; eles não eram necessários, não eram inevitáveis.

...Observe a si e aos outros e você ficará surpreso: as pessoas estão dizendo não por nenhuma razão absolutamente. Elas se satisfazem em dizê-lo: isso lhes dá uma espécie de poder. Quando você pode dizer não a alguém, você se sente poderoso.
Ao abandonar o não, o ego desaparece".
Osho, Believing in the Impossible Before Breakfast.

A porta do lado

Em entrevista dada pelo médico Drauzio Varella, disse ele que a gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos que absolutamente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada.  E aí ele deu um exemplo trivial, que acontece todo dia na vida  da gente... É quando um vizinho estaciona o carro muito encostado ao seu na garagem (ou pode ser na vaga do estacionamento do shopping). Em vez de... simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resta do seu dia.. Eu acho que esta história de dois carros alinhados, impedindo a abertura da porta do motorista, é um bom exemplo do que torna a vida de algumas pessoas melhor, e de outras, pior...

 Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende por que eles parecem ser tão mais felizes...
 Será que nada dá errado pra eles? Dá aos montes. Só que, paraeles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença....
 O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que "audácia" contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga e não deixam barato...
Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente.
O MUNDO VERSUS ELE...
 Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também.... É incômodo, tem um freio de mão no meio do caminho, mas é um problema solúvel. E como esse, a maioria dos nossos problemões podem ser
 resolvidos assim, rapidinho. Basta um telefonema, um e-mail, um pedido de desculpas, um deixar barato.
Eu ando deixando de graça... Pra ser sincero, vinte e quatro horas têm sido pouco prá tudo o que eu tenho que fazer, então não vou perder ainda mais tempo ficando mal-humorado...
 Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e gente idem; pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a "porta do lado" e vou tratar do que é importante de fato...
Eis a chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão por que parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado."
Quando os desacertos da vida ameaçarem o seu bom humor, não estrague o seu dia... Use a porta do lado e mantenha a sua harmonia...
 Lembre-se, o humor é contagiante - para o bem e para o mal - portanto,
 sorria, e contagie todos ao seu redor com a sua alegria...
A "Porta do  lado" pode ser uma boa entrada ou uma boa saída... Experimente!

Dráuzio Varella

Introspecção

" Introspecção é o desejo de ser bom. É a virtude que nos faz olhar para dentro e ver o verdadeiro eu no espelho do coração. Ela faz com que todo esforço seja feito para ativar essa bondade inerente, ou seja, a espiritualidade. E aos poucos descobre-se que aquele comportamento associado a traços negativos não se expressa mais, como se perdesse a força. O resultado desse processo é que fico satisfeito com o que sou, dou o melhor de mim, aprendo com todas as situações e experimento progresso. Introspecção é a virtude que me liberta de influências negativas, sejam elas internas ou externas..."

Brahma Kumaris

O silêncio e a tolerância


" O silêncio e a tolerância são o vinho dos fortes, a reação impulsiva é a embriaguez dos fracos. O silêncio e a tolerância são as armas de quem pensa, a reação instintiva é a arma de quem não pensa. É muito melhor ser lento no pensar do que rápido no machucar..."

Augusto Cury  In O código da inteligência



Gratidão


Quando lembro o quanto algumas pessoas me ajudam com o seu olhar amoroso, ao longo da estrada, sinto um ventinho bom percorrer meu coração e arrepiar a vida toda de contentamento. Um ventinho quente, parecido com o que toca a minha pele quando caminho na beira da praia nas manhãs azuis que ainda se espreguiçam. A pele é o lado de fora do sentimento.

Quando lembro de cada nova muda de afeto que recebo e vejo florescer devagarinho no meu jardim, a lembrança afasta as nuvens momentâneas e deixa o céu à mostra. Faz um sorriso sereno acontecer em mim. Acende uma música que a gente só consegue ouvir quando a palavra descansa.

Quando lembro que crescer é, no íntimo, um exercício solitário, mas que não estamos sozinhos na sala de aula, saboreio o conforto dessa recordação. Somos mestres e aprendizes uns dos outros, o tempo todo. Estudamos, lado a lado, inúmeras lições, mas também criamos espaço para celebrar os mágicos momentos de recreio. Às vezes, com alguma leveza, até descobrimos juntos um segredo libertador: o aprendizado e o recreio não precisam acontecer separados.

Quando lembro o quanto as nossas vidas se entrelaçam amorosamente com outras vidas nessa tapeçaria de fios sutis dos encontros humanos, a gratidão emerge e se espalha, em ondas de ternura, por toda a orla do peito. Diante de tantas incertezas, essa verdade perene: o amor compartilhado é o sábio curador.

Quando lembro, eu agradeço. E respiro macio.

Ana Jácomo

Porque escrevo

Sempre disse que gosto de escrever. Sempre é muito tempo, eu sei. Sou tão cautelosa com essa palavra que raramente a recolho nas minhas garimpagens. Quando a encontro, eu a devolvo à mina, por cuidado. Sempre não costuma ser tão linear como sugere nem como gostaríamos. Mas, nesse contexto, expressa a verdade com perfeição incomum, a roupa cabe certinha, sem sobra nem aperto. Digo isso desde criança, embora às vezes sinta que é como se eu dissesse desde antes. Desde sempre.

Escrever é meu trabalho mais lúdico. Meu jeito preferido de prece. Minha maneira predileta de levar o coração pra pegar sol. Minha varanda com vista pra vida. Meu vôo sem asas. Meu instante de dançar com Deus. O remédio que eu não compro na farmácia. A mágica que faço sem saber explicar como acontece. É uma dádiva que recebo quando jogo a minha rede no mar à procura de alimento. É amor antigo que não envelhece, o frescor tem muito a ver com o sentimento.

O trabalho feito com o coração nos envolve de tal forma que a gente não sente o tempo passar, faz lembrar da atmosfera do lugar que habitamos quando estamos na companhia de quem amamos. O entendimento conceitual se dissolve e tudo se torna, misteriosamente, maior. A felicidade cria espaço. Os ponteiros percorrem inúmeras vezes o trajeto do relógio, mas é como se vivêssemos num tempo paralelo. Lá, onde não cabem medições. O corpo pode até ficar cansado, mas o cansaço parece ser descanso. O corpo pode até desafinar, mas a vida continua a querer dizer seu canto.

O trabalho feito com o coração é um chamado que não dá para deixarmos de ouvir. Para fazer de conta que não é com a gente. Podemos sair por aí para procurá-lo, mas é ele que nos encontra, é ele que nos escolhe. E quando o encontro acontece, e a ficha cai, e a consciência revela, é complicado fugir. Como podemos nos afastar do que nos aproxima de nós? Do que nos realinha com o amor? Escrever, pra mim, é esse trabalho. Um trabalho que faço com o coração.

Escrever é um desafio que reinauguro toda vez que ouço o chamado e as condições me permitem atendê-lo. Raramente acontece com a facilidade tantas vezes presumida por quem lê. Posso passar horas trabalhando na lapidação de um único texto. Virar madrugadas inteiras, como várias vezes virei. Depois dormir duas, três horas apenas, mas feliz da vida, energizada. Posso até, por cansaço, querer sair desse lugar antes do coração se dizer satisfeito, mas quem disse que ele deixa?

A idéia, na sua forma bruta, costuma demorar pouco tempo para ser derramada, mas para aprimorá-la é preciso trabalho, novelos de paciência, um jeito todo nosso de bordar, olhos despreocupados com o relógio. O desafio não é somente encontrar palavras que caibam, muitas delas são perfeitamente cabíveis. O desafio é encontrar aquelas que tem a ver com o clima, a música, a cadência, o bordado. Angustia e é puro entusiasmo. E eu não saberia descrever com palavras, nem mesmo com as mais preciosas que garimpo, a emoção que é sentir um texto pronto.

Um dia desses, ao dizer para alguém que eu gostava de escrever, a frase tropeçou no meu ouvido pela primeira vez, pediu o meu olhar. Ela é correta, não há nada de errado com ela, nenhum equívoco, apenas têm os braços curtos demais para abraçar esse meu sentimento. Também gosto de bicicleta, de pudim de leite, de caminhar na beira da praia, de jogar frescobol, de quiabo ensopadinho, de dezenas de outras coisas, mas nenhuma delas mora na mesma rua onde vive o meu chamado por escrever.

Eu escrevo porque a alma pede. Escrevo pra me passar a limpo. Escrevo para dizer pra mim. Para levar minhas emoções pra passear. Para sintonizar com a luz e me entender melhor com as sombras. Escrevo para brincar de roda com quem quiser brincar comigo. Escrevo pelo que sei e por tudo aquilo que eu não posso alcançar com o meu entendimento. Mas, de verdade, eu não escrevo somente porque gosto. Eu escrevo, sobretudo, porque preciso.
Ana Jácomo

Perfeito...sempre perfeito ! 
 ( Ana Jácomo escreve tudo oque vai em minha alma )

Um dia de liberdade


Fico imaginando, às vezes, se saberia viver um dia em que eu não tivesse que nada. Um dia sem expectativas. Sem lugar algum onde chegar. Que fosse surpresa e improviso. Um dia de cara risonha ou não, mas de cara sem maquiagem. Genuíno. Verdadeiro. Em que eu pudesse experimentar a liberdade de uma criança. Que apenas vive. Apenas é. Sem tentar dar nome a tudo o que sente. Sem simular o que não sente. Sem ter que questionar, compreender, responder. Sem ter que.

Um dia sem medo algum. Em que ao amanhecer para ele, eu pudesse largar o suposto comando e deixar o vento desenhar a rota. Leme e bússola, esquecidos. Eu, distraída, fluindo, sendo, com o movimento do mar. Um dia diferente de todos os outros e igual no desejo de me fazer feliz. De me sentir inteira. De ser. Um dia em que eu pudesse afrouxar a roupa de carne e osso. Deixar o julgamento repousar. Permitir que o caminho se mostrasse a cada passo que o coração desse, sem perguntar aonde ele me levaria, porque ao menos nesse dia eu teria o sentimento nítido de que o meu coração sabe exatamente para onde me leva.

Fico imaginando se eu seria capaz de me dar esse dia e se eu saberia vivê-lo, porque a liberdade também pode assustar. Muitas vezes nos sentimos próximos de abrir a porta da cela que nos mantém cativos e recuamos. Não temos ainda coragem suficiente para atravessá-la, pois tudo o que conhecemos é como se sentir preso e, ainda que isso já nos cause desconforto, temos medo de atravessar a porta.
Um dia em que não tivesse que desempenhar nenhum dos papéis que afirmo serem meus, porque não existiria papel algum. Nem palco. Nem roteiro. Nem com quem contracenar. Aqueles que eu encontrasse também não caberiam dentro de nenhuma personagem. E eu os olharia como se fossem livres para ser simplesmente quem são. Livres de qualquer história que não fosse aquela que o próprio coração escrevesse.

E porque despertaria com olhos frescos, nesse dia eu olharia para cada pessoa do meu convívio como se olhasse pela primeira vez. E descobriria, provavelmente, em cada uma delas, nuances, belezas, singularidades, que meus olhos acostumados não percebem mais. Olharia com o puro olhar. Sem que nada pudesse confundi-lo nem disfarçar-lhe algum detalhe. Talvez até me desse conta de que muito do que afirmo ver não passa de distorções que surgem nos tempos em que a gente se afasta muito da própria alma e passa a ter dificuldade de enxergar o que realmente importa.
Fico imaginando se eu saberia viver esse dia, porque com todos os apelos cotidianos, a gente pode se desacostumar com a liberdade. Um dia que acontecesse como uma colônia de férias para a alma. Que tivesse o cheiro da chuva quando toca a aridez. Um dia sem censor, em que a vida respirasse relaxada. Em que trocássemos tanto amor que parecessemos ter o coração beijado pela vida. E em que o tal cansaço que experimentamos não nos impedisse de sentir que estamos vivos, porque muitas vezes nos comportamos como se não lembrássemos disso.

Quando a minha mente está calma















Quando a minha mente está calma, eu acesso uma confiança que é descanso e proteção. Uma fé genuína na preciosidade da vida. Sinto que tudo em mim se reorganiza, silenciosamente, o tempo todo. Que isso tem mais a ver com o meu olhar, com a natureza das sementes que rego, do que eu possa perceber. Minha expectativa, tantas vezes ansiosa, de que as coisas sejam diferentes, dá lugar à certeza tranquila de que, naquele momento, tudo está onde pode estar. Em vez de sofrer pelas modificações que ainda não consigo, eu me sinto grata pelas mudanças que já realizei. E relaxo.

Quando a minha mente está calma, eu acesso uma clareza que me permite sentir, com mais nitidez, que há uma sabedoria que abraça todas as coisas. Que o tempo tem uma habilidade singular para reinventar nosso roteiro com a gente, toda vez que redefinimos o que, de verdade, nos importa. Que há um contentamento perene no nosso coração. Um espaço de alimento amoroso. Uma fonte que buscamos raras vezes, acostumados a imaginar a felicidade somente fora de nós e a deslocá-la para distâncias onde não estamos.

Ana Jácomo

Vou-me embora

Vou-me embora de mim por uns tempos, preciso de férias desse jeito intenso de sentir as coisas, dessa mania de querer carregar o mundo nas costas e sentir culpa pelo que não posso dar conta. Vou olhar tudo de sobrevoo, como quem, está ausente até dos próprios pensamentos..
Aila Sampaio

Há dias




Há dias em que não é possivel abrir as janelas e sair as ruas. O coração só quer penumbra e silêncio. Não por estar triste ou querer se esconder da vida, mas para olhar de perto os afetos e seus hóspedes...fazer exclusões e inclusões, remanejar posições.


Aila Sampaio

É assim que a vida se espalha

Quero as portas abertas, o vento atravessando a casa, e o sol brilhando nas cerâmicas da varanda. Quero a rede armada e o lençol macio, o banho frio no calor e a cama arrumada para a sesta; quero o livro marcado e o copo d'água ao lado; um lápis com ponta e um papel em branco. Quero a TV pra não ligar e a janela entreaberta para os barulhos da rua. É assim que a vida se espalha pelo chão, de pés descalços e roupa lavada.... é assim que quero recomeçar a ser só e bastar-me.
 (Aíla Sampaio)

Discernimento

" Discernimento é o poder que ajuda a distinguir a verdade aparente da verdade real, o valor temporário do valor eterno, o superficial do sutil. Ele nos capacita a reconhecer armadilhas de ilusões, por mais docemente decoradas e sedutoras. Com ele conseguimos ver através dos disfarces e agir com segurança e sabedoria. Discernimento é a bússola interna que aponta sempre para o rumo correto..."

Brahma Kumaris

Deixe o passado para traz


" A qualidade dos nossos pensamentos nos trancam numa situação ou nos permitem sair dela com agilidade. Se você ficar procurando por explicaçoes e justificativas, isto vai envolvendo você e impedindo o novo acontecer, apenas situações no mesmo nivel do seu pensar vão se materializando. Definir que você agiu com os melhores recursos disponiveis naquele momento, encerra o passado, o hoje também vai passar. Passe pelas experiências, aumente seu conhecimento mas não se confunda com elas, não as torne rotina em sua vida. A vida é uma aventura. Acelere em direção ao futuro e cuidado para não andar de marcha ré !..."
Rosalia Schwark

Equilibrio

"Equilíbrio é a habilidade de olhar para a vida a partir de uma perspectiva clara - fazer a coisa certa no momento certo.
Uma pessoa equilibrada será capaz de apreciar a beleza e o significado de cada situação seja ela adversa ou favorável.
Equilíbrio é a habilidade de aprender com a situação e de prosseguir com sentimentos positivos. É estar sempre alerta, ser totalmente focado, e ter uma visão ampla.
Equilíbrio vem do entendimento, humildade e tolerância. O mais elevado estado de equilíbrio é voar livre de tudo e, ainda assim, manter-se firmemente enraizado na realidade do mundo."

Se tudo fosse perfeito
















Se as coisas fossem " perfeitas "...Não existiria lições de vida...Não haveria arrependimentos e nem descobertas...Mãos não se uniriam e sonhos não seriam valorizados...Se tudo fosse perfeito olhares não se completariam e gestos passariam despercebidos...As lágrimas não existiriam...As palavras seriam perfeitas...Se tudo fosse perfeito eu pularia no abismo sem medo da morte. pois asas eu ganharia ! Atravessaria o oceano sem medo de ser levado pelas ondas, sem receios de me perder em suas profundezas...Se tudo fosse perfeito, dores não existiriam e a  cura não seria procurada ! Se tudo fozze perfeito, não haveria busca pela perfeição...Nada é por acaso...
Você existi e essa é a maior perfeição ! ! !
William Shakespeare


Casa de nuvens

" Preciso de terra debaixo dos meus pés para sentir-me em liberdade. Minha ousadia tem os seus cálculos; meu barco pede certeza de um cais. voo, cruzo os espaços, ultrapasso limites e até faço acrobacias no ar, mas preciso da garantia de um chão para pousar quando findarem as aventuras. Minha casa de nuvens não é para todo dia, é só pra de vez em quando..."
Aila Sampaio

Fácil e difícil

Não é que eu viva, agora, com a impressão de que as coisas são sempre fáceis. De jeito nenhum: sei que existem coisas bem complicadinhas na história de cada um de nós e nesse enredo que vivenciamos juntos no mundo. Às vezes, um monte de vezes, eu me atrapalho toda para tentar achar solução para algumas e, de vez em quando, por mais que eu procure, acontece de eu nem achar num primeiro momento. Nem num segundo. Nem num terceiro. Nem num décimo. Algumas coisas, a propósito, não têm exatamente solução. Podemos aceitá-las da maneira como podem ser ou desperdiçar vida e energia preciosa a troco de nada. É questão de escolha. Antenada com o ecossistema da minha alma, costumo optar pelo não desperdício dos meus recursos naturais toda vez que é possível. Nem sempre é, a gente sabe.

O que mudou, e faz diferença à beça, é que eu vivo, agora, com a clara intenção de não tornar as coisas difíceis na prática. De olhar para elas com olhos mais flexíveis. De envolvê-las com a máxima leveza disponível. Dou menos importância ao que, no fundo, e às vezes até no raso, não tem importância alguma. Relevo. Troco de canal com mais tranqüilidade. Não pego mais tantas bolas que jogam na minha direção e sei que não são minhas. Dissolvo tanto quanto posso a minha antiga mania de achar que estou no controle. Entrego até a página que consigo. Procuro descobrir nas leituras possíveis de cada acontecimento se há alguma lição que me cabe aprender, porque muitas vezes há. Inúmeras vezes, há.

Esse ensaio de postura não me livra dos imprevistos do caminho. Da sacudida provocada pelos ventos mais fortes. De embaraços inimagináveis. De surpresas doídas que criam leito para as lágrimas vertidas, sem escala, do coração. Isso nem sempre me livra das ciladas que, sem perceber, eu mesma monto para mim com todo requinte. Mas, desde que comecei a trocar a perspectiva da leveza pela perspectiva do peso, minha vida vive mais em paz. Não tenho solução imediata para boa parte das inquietações que me visitam, mas eu coloco uma música, às vezes acendo um incenso, ofereço para elas uma xícara de chá ou uma taça de vinho, e conversamos sobre a melhor maneira para convivermos até que seja possível nos afastarmos e deixar a vida simplesmente prosseguir. Até onde eu percebo, a vida, criativa que é, sempre arruma formas para se organizar de novo, e prossegue. Às vezes, sejamos sinceros, até melhor do que antes. A fé sabe coisas que eu não sei.

Ana Jácomo

Pegar o coração no colo

Eu vim aqui me buscar. E aqui parecia ser longe, muito longe do lugar onde eu estava, o medo costuma ver as distâncias com lente de aumento. Vim aqui me buscar porque a insatisfação me perguntava incontáveis vezes o que eu iria fazer para transformá-la e chegou um momento em que eu não consegui mais lhe dizer simplesmente que eu não sabia. Vim aqui me buscar porque cansei de fazer de conta que eu não tinha nenhuma responsabilidade com relação ao padrão repetitivo da maioria das circunstâncias difíceis que eu vivenciava. Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais. Encolhida.

Vim aqui me buscar porque, para onde quer que eu olhasse, eu não me encontrava. Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim. Vim aqui me buscar porque percebi que estava muito distante e que a prioridade era eu me trazer de volta. Isso, se quisesse experimentar contentamento. Se quisesse criar espaço, depois de tanto aperto. Se quisesse sentir o conforto bom da leveza, depois de tanto peso suportado. Se quisesse crescer no amor.

Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais. Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo.
Vim aqui me buscar. Aqui, no meu coração.

Ana Jácomo
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